Calma, não é o que você está pensando, nem o que parece ser. Na verdade é um misto de nostalgia com protesto.
Quando foi a primeira vez que alguém pendurou um pacotinho de balas em seu espelho retrovisor? Esse ato aparentemente banal já faz parte de nossas vidas. Mas há quanto tempo? Será que me senti surpreendido quando isso aconteceu pela primeira vez? E quando lavaram meu para-brisas no farol com aquela água suja pela primeira vez?
Não consigo, sinceramente, me lembrar desde quando isso ocorre. Sei que é coisa de uma década para cá, mais ou menos. Na minha infância de passageiro no carro do meu pai não tinha isso, nem quando tirei minha carteira de habilitação.
Também não recordo quando surgiram o kiwi (imagino que anos 80) e o Açaí (será que dos anos 90?), mas isso é bem irrelevante.
O que quero compartilhar com você é o quanto coisas abomináveis e sem sentido aparecem em nossas vidas e viram rotina, aceita e até bem-aceita (quando alguém se propoe a comprar os produtos lá vendidos).
Nesse balaio entra a violencia urbana. Quando foi que as delegacias abandonaram a caça aos pequenos delitos e partiram pra encarar exterminadores, traficantes e afins? Entra também o transito caótico das grandes cidades como São Paulo. Para falar a verdade, eu nem lembro quando começou o rodízio de veículos. No futuro também não vou me lembrar quando ele foi ampliado ou as ruas do centro pedagiadas.
Até a Nostalgia está em mudança. Uma época tinhamos saudades de produtos fora-de-linha, brinquedos primários e pessoas que se foram. Hoje temos saudades de épocas inteiras, de costumes e de estilos de vida que não só não voltam mais, como tendem a piorar.
Até onde, isso ninguém sabe.
