sexta-feira, 18 de junho de 2010

O homem que duvidava de Deus


Nunca li um livro sequer do Saramago. Tinha uma certa simpatia por ser, até onde eu sei, o único lusofono que já ganhou um prêmio Nobel. Em outras palavras, um "orgulho da raça".

Sei também que suas posições esquerdistas eram vistas por boa parte da mídia como uma tolice ultrapassada, mais ou menos como tratam também o Oscar Niemeyer. Enfim....

O que queria dizer é meu espanto com a intolerância mesmo póstuma ao fato dele ser um ateu declarado. Por não acreditar em Deus, os religiosos mais fervorosos, consideram o cara um demônio. Em fóruns, artigos, twitter (até da presidenciável Marina Silva) tudo o que se lê é que o escritor era um pulha, um merda, só pelo fato dele não acreditar.

Não vou entrar no mérito da questão, mas sim da intolerância: afinal, somos ou não uma democracia? Acreditamos que cada um possa ter sua cor, sua posição política ou sua crença (ou a ausência dela) ou não? Acreditamos quando nos é simpática e depois deixamos tudo pra lá?

Não quero aqui dizer que posições contrárias a lei vigente sejam aprováveis, como aquele lavrador maranhense e suas filhas-netas. Mas algo que não é contra a lei, apenas contra a Fé vigente, não pode ser metralhado sumariamente.

Morreu um grande homem, com sua história, crenças e valores. Você pode concordar ou não com as coisas que ele dizia, mas não pode deixar de respeitar sua história.

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