sexta-feira, 11 de julho de 2008

Tal qual um ritual

Para quem não conhece muito de futebol (maioria das mulheres e minoria dos homens), um dos grandes sonhos masculinos é ter um filho. Nesse sonho, o maior destaque é que ele torça para o mesmo time que você, para que juntos sofram e acompanhem as inglórias temporadas que se seguirão.

Falo tudo isso porque hoje tive que ser cumplice em um crime: ajudar minha sogra a demover o sobrinho, filho de um corintiano, da idéia de seguir o pai. Me fez comprar uma camisa de goleiro do time dela, para desgosto de um pai, que passará os próximos 40 anos da vida dele discutindo, brigando e tendo desavenças com sua própria carne devido ao jogo de bola.

Parece exagero, mas para quem acompanha de perto o futebol, sabe o quanto amizades nascem ou se aquecem com as idas aos estádios, partidas vistas em bares, dissabores e glórias que acompanham os times.

Não vou chegar ao ponto de dizer que isso influencia no grau de amizade, mas ajuda e muito no convívio. Eu encontro mais gente que torce pro meu time do que os que torcem para times adversários e isso é fato.

Por isso, mesmo que as opções da sogra e do pai serem distintas da minha, me sinto mal com o fato de estar envolvido nesse processo.

A escolha de um time, nem preciso decantar aqui, é uma prova de caráter de uma pessoa, sendo indelével a marca daqueles que um dia ousarem trocar de agremiação. Portanto, uma decisão de toda uma vida, feita em apenas 5 minutos com meu cartão de crédito como agente.

A um pai que perde, a um filho que não mede a consequência, meu minuto de silêncio.

2 comentários:

jennifer zsurger disse...

"cumplice de um crime"
foi engraçado,mas crime mesmo era deixar esse menino um dia torcer pro palmeiras( hahahahah)
Lendo seu post eu fui concordando com o que vc dizia de se criar um vinculo, mas e debate de idéias que a partir dai podera ser gerado?
Ok, futebol e religião são temas polêmicos pra se dizer que dá pra ter um debate...mas ainda acho que isso sera produtivo. conte depois como foi a evolução pai/filho.

Unknown disse...

Muito absurdo o que acabei de ler... hilário! Mas em especial essa parte "A escolha de um time, nem preciso decantar aqui, é uma prova de caráter de uma pessoa, sendo indelével a marca daqueles que um dia ousarem trocar de agremiação." Digo isso pq temos uma prima que "trocou de agremiação" e que por ter se tornado palmeirense você acha lindo, um espetáculo. Passa o tempo todo elogiando-a e dizendo o quão maravilhosa foi a escolha dela. Além disso, todos os dias você pede para que, por amor a você, eu me torne palmeirense, ou seja, "troque de agremiação". Contraditório não??? Agora só para concluir, NÃO TENHO NADA CONTRA QUEM MUDA DE TIME. Todo mundo tem direito de mudar, inclusive de time. O meu primo não vai mudar de time, nem a minha mãe está querendo convencê-lo a isso, até pq você sabe o quanto nós nos "importamos" com futebol. O caso é que o probrezinho acha que não tem problema ser corinthiano e usar uma camisa do São Paulo, ele acha que é o mesmo que usar uma camisa do Milan, por exemplo. É uma criança, tem 8 anos e tá curtindo isso de "variar camisas de time". Não se sinta cúmplice, você apenas e tão-somente fez uma compra por alguém, nada mais...