segunda-feira, 9 de junho de 2008

Mundo Corporativo – Relatividade do Tempo

Por muitos anos trabalhei em empresas grandes e multinacionais, portanto posso dizer com propriedades alguns “bens” e muitos males desse mundo.

Mesmo antes de entrar em algumas companhias, me impressionava o fato de as pessoas terem extrema intimidade com a mobília funcional, se apoiando, deitando ou aninhando em mesas, lousas, balcões, fazendo destes verdadeiras extensões de seus lares.

Pois bem, atualmente estou fora deste mundo, mas nem por isso deixo de observá-lo, até porque faço aulas de hidroginástica (sim, eu faço!) ao lado da minha antiga empresa, e portanto encontro muitos funcionários nos vestiários. O que mais ouço são expressões como:

“Não tô com tempo pra nada. Tô trabalhando de domingo a domingo”
“Sabe que horas saí ontem? Mais de meia-noite e meia”

Ao contrário do que esse texto frio insinua, o tom das frases não é de lamentação: é o contrário, como se estivessem heróicamente doando suas vidas pelas empresas, num claro sinal de despreendimento de suas vidas pessoais e dedicação ao trabalho. Mas será?

Pense comigo: alguém que trabalhe tanto para mim está camuflando alguma coisa: ou não sabe adequar seus horários para seu trabalho e/ou seu gestor não sabe dimensionar o serviço entre a equipe ou subdimensionou o número de empregados para as funções que tem a desempenhar.

Esse último caso também é um modismo da administração atual: cortar custos para render o mesmo. Mas os mais espertos sabem que a médio prazo isso não dura, pois ou as pessoas se desestimulam ou ficam doentes, ninguém aguenta (e nem deveria) esse ritmo.

Ainda haverá o dia que ouvirei em algum vestiário por aí alguem dizer que está orgulhoso porque acabou o trabalho que deveria ser feito antes do prazo, fazendo até mais do que foi pedido.

Mas leva tempo.

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